Escritor,
líder maçônico, imortal da Academia Norte-Riograndense de Letras,Cadeira nº35,
que tem como patrono: JUVENAL LAMARTINE e primeiro ocupante: EDINOR AVELINO. torcedor do América (foi diretor e conselheiro
do clube) e do Fluminense, excepcional causeur, dono de memória privilegiada
para contar e reviver histórias fantásticas desta aldeia de Poti mais
esquecida, mormente quando o tema é política, um de seus doutorados. Boêmio,
ave noturna a sobrevoar as noites da cidade, dando vazão à sensibilidade
artística de quem já foi ator, conviveu e convive com os poetas, escritores,
pintores, ao lado de todos os movimentos culturais da terrinha. Poucos na
província têm a elegância e o carisma de recitador da obra dos grandes poetas.
Que pode acontecer, de repente, numa mesa de bar. De Manuel Bandeira, recitaria
à maneira de um Paulo Autran, por exemplo:
Nascido
em 21 de abril de 1931,Ainda adolescente, Ticiano descobriu as redações dos
jornais. Primeiramente em A República, governo de José Varela, final dos anos
40 começo dos 50. Por aí já fazia política estudantil, eleições do Centro
Estudantil Potiguar, ele eleito deputado dos ginasianos. Tempos de Valtércio
Bandeira de Melo, Joanilo de Paula Rego, Aderbal Morelli, José Fagundes de
Menezes, Nabor de Azevedo Maia, Luís Bezerra, William Colbert. O Grande Ponto
em alvoroço.
Da
República, Ticiano passou para o Diário de Natal, tempos de Edilson Varela e
Veríssimo de Melo, Lenine Pinto, Luís Maranhão, Antônio Pinto de Medeiros.
Viagens a Maceió para cursar Direito. Rua do Sol na companhia do poeta Gilberto
Avelino. Repórter, cobria Assembleia Legislativa, Palácio Potengi,
convivendo com os políticos. Mais tarde seria chefe de gabinete do prefeito
Djalma Maranhão e secretário (Interior e Justiça) do Governo Aluízio Alves.
Mais recentemente, delegado do Ministério do Trabalho. Depois, auditor do
Tribunal de Contas. Várias cátedras. Dos expedientes palacianos uma esticada
aos bares, às peixadas das Rocas, às noitadas que alcançavam as madrugadas,
Natal Clube, Maria Boa. O encantador ofício da boemia com os amigos, as amigas,
os artistas, pintores e poetas. Ticiano participou de todos esses movimentos
culturais havidos na província, a partir da década de 40.
Fez
teatro amador integrando o grupo “Os Farsantes”, liderado por Newton Navarro.
Mais adiante aparece no elenco de um novo grupo, Teatro Experimental de
Artes, também com Navarro, mais Moacir de Goes, Geraldo Carvalho, Humberto
Magalhães e Marcelo Fernandes. Montam a peça “Cantam as Harpas de Sião”,
de Ariano Suassuna. O jornalismo e a política roubam-lhe a cena teatral. A
ribalta agora é outra
Final
dos anos 60, na ditadura militar que cassou Aluizio Alves, Ticiano assumiu a
editoria da Tribuna do Norte. Foi chamado muitas vezes ao Quartel General
(comando do Exército). Terminou sendo enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
Julgado em Recife, foi absolvido. Comemorou-se em todos os bares. A boemia, o
bom uísque, a liberdade de expressão, o bom papo jamais serão cassados.
Pai
de dois filhos, seis netos e sete bisnetos, Ticiano, ao lado de Iaponira, chega
aos 80 anos com o mesmo espírito e charme da juventude, acrescidos de uma
elegante bengala e suspensórios nem tanto. Fraterno e amigo, cultor da
solidariedade, fiel às amizades e ao uísque, à boa convivência com
os bons companheiros ao quais faz sempre, todos os dias, a mesma pergunta:
“Alguma novidade?”
De
Ticiano, usando um bordão bem seu, eu diria: é uma Grande Figura! E ele
responderia, certamente, com os versos de Drummond, voz pausada: Tenho apenas
duas mãos / e o sentimento do mundo.
FONTE - TRIBUNA DO NORTE
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